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18.12.10

emissão de 19 de Dezembro de 2010


Uma emissão por paragens mais calorosas que a gélida Coimbra de Dezembro. Congo, Nigéria, Quénia, África do Sul, Síria, Turquia e Brasil, numa digressão por edições deste ano.

- Artistas desconhecidos - faixa 1 - Brion Gysin: One Night at the 1001 (2006)
- Konono No. 1 - Wumbanazanga - Assume Crash Position (2010)
- Tony Allen - Asiko - Black Voices Revisited (2010)
- Godwin Omabuwa & his Casanova Dandies - Do the Afro Shuffle - Nigeria Afrobeat Special (2010)
- Les Mangalepa - Mimba - Endurance. Music on the March Across Africa (2006)
- The Big Four - Wenzani umoya - Next Stop... Soweto (2010)
- Mancingelani - Vana vasesi - Shangaan Electro (2010)
- Omar Souleyman - Ala il hanash madgouga - Jazeera Nights (2010)
- Okay Temiz - Dokuz sekiz - Turkish Freakout (2010)
- Célio Balona - Tema de Batman - Brazilian Guitar Fuzz Bananas (2010)

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13.12.10

Emissão de 11 de Dezembro de 2010

Didier Lockwood - Les Valseuses

Richard Galliano:
- Libertango
- Javanaise
- Laurita

Serge Gainsbourg - Lola Rastaquouère
Seu Jorge & Almaz - Tempo de Amor
Ebo Taylor - Love and Death
Tony Allen - Secret Agent
Lever brothers Gay Flamingoes - Egbi Mi O
Andrew Bird vs Konono nº1 & Sobanza Mimaniza - Ohnono/Kiwembo
AfroCubism - A La Luna Yo Me Voy
AfroCubism - Al Vaivén De Mi Carreta

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9.12.10

Herbie Hancock, Campo Pequeno, 7 de Dezembro


Na flor dos seus 70 anos de idade e com uma frescura física invejável, passou por Lisboa, na última 3ª feira, a grande lenda do jazz, Herbie Hancock. Num percurso com derivações por outras áreas sonoras, nomeadamente pelo funk, o músico veio ao Campo Pequeno apresentar o seu último trabalho, Imagine. Em memória do mítico tema pacifista de John Lennon, o álbum conta com convidados muito diversos, desde grandes nomes da world como Konono nº1, Toumani Diabaté ou os Chieftains, até aos terrenos da pop descartável, onde se encontram Pink ou James Morrison.

Herbie Hancock e a sua banda entraram em palco com uma tema marcado por um improviso jazz muito técnico, um mau prenúncio para os pouco apreciadores de free jazz e derivados. De seguida, iniciou uma longa comunicação ao público, em que apresentou os músicos que o acompanham na digressão (segundo o próprio, meio perigosos e imprevisíveis), destacou a mensagem de Imagine em torno da paz, da comunhão e da partilha na era da globalização e referiu que os inúmeros convidados que o acompanham no disco não iriam estar naturalmente em palco (tecendo particulares elogios ao minimalismo percussionista dos Konono nº1 e à grande diva maliana Oumou Sangare), sendo as vozes substituídas e pelos músicos da sua banda e por Christina Train, com um timbre folky, algures entre Cat Power (não tão quente), Janis Joplin (não tão potente) ou Norah Jones (não tão melosa). Foi precisamente esta cantora da Georgia que interpretou de seguida a cover de “Imagine”, num início apenas com voz e piano e com uma linha melódica completamente adulterada, antes de entrar o resto da banda e a voz gravada de Oumou Sangaré.

Seguiu-se o lado mais funky da obra de Hancock, com o longuíssimo “Watermelon”, muito marcado pela cadência do teclado-guitarra do músico e pelas suas autênticas desgarradas, primeiro com o baixista e depois com o guitarrista, e com a versão de “Exodus”, com as vocalizações arrastadas do baixista a fazer lembrar as vozes tuaregues (não é por acaso que, em disco, o tema é interpretado pelos Tinariwen), antes da euforia do refrão. Em absoluto contraste, teve lugar, pouco depois, um extensíssimo medley jazz (de cerca de meia hora), que começou com os músicos todos em palco, passou por um longo solo de piano, teve direito a uns breves momentos de violino e terminou com a banda de novo em palco, com o grande clássico de Hancock, “Cantaloupe Island”. Este foi alias um concerto de contrastes, alternando um lado jazz mais acomodado, direccionado para um público de “casino” pouco exigente, grandes momentos de virtuosismo instrumental, mas cuja expressividade é sempre uma incógnita e de que se torna fácil “desligar” se não se for fã do género, cadência funk irresistível e alguns pormenores surpreendentes e muito interessantes, como os jogos vocais em “Don’t Give Up”, no meio de uma certa estrutura épica algo duvidosa, ou o momento vocal sem amplificação do teclista, em "Change is Gonna Come".

Na parte final, altura para o elogio aos grandes músicos irlandeses Chieftains (co-autores, juntamente com Ry Cooder e diversos músicos mexicanos, de San Patricio, um dos grandes discos deste ano), a propósito do tema que partilham no disco, o grande clássico de Bob Dylan, “The Times They Are A Changing”. Pretexto para mais uma mensagem de apelo à mudança e a um sentido humanista, a que se seguiu a interpretação do tema, que incluiu violino e a recriação, através do órgão, dos sopros tradicionais irlandeses (tal como as anteriores, mais uma versão completamente transfigurada em relação ao original). Pouco depois, a banda abandonava o palco, recebendo uma grande ovação de pé e regressando para um encore com mais um forte momento de groove funk em “Chameleon”, fechando duas horas de espectáculo com a banda a dançar ao som de um pulsante baixo sintetizado.

Tendo havido momentos de grande contraste e como acompanho pouco os territórios do jazz, tenho dificuldade em fazer um balanço do concerto, mesmo tendo em atenção que este se expandiu para outras áreas musicais. Talvez a resposta esteja algures entre o chato e insosso e o inspirado e cativante. Ou, como discutia um casal por quem passei à saída, entre a música de elevador (bem longe) e o talento enorme de grandes músicos.

7.12.10

Concerto Richard Galliano e Tangaria Quartet



Richard Galliano e Tangaria Quartet. CCB, 7 de Dezembro de 2010.


Richard Galliano gosta de grandes desafios. O maior da sua carreira, tentar incorporar o acordeão em géneros musicais que nem sequer se lembram que o instrumento existe, ainda está a decorrer. Para o conseguir, estuda alguns dos melhores acordeonistas do mundo (o acordeão é um dos instrumentos que mais viajou e que, por isso, penetrou com grande força em variados estilos musicais tradicionais) e trabalha para criar um estilo próprio, influenciado por várias correntes musicais. Foi um dos músicos que conseguiu dar nova alma à música tradicional francesa. O reconhecimento internacional veio logo depois.

A enorme experiência de Galliano, músico com uma longa carreira iniciada na década de setenta, torna-o um líder natural em palco. Ao vê-lo actuar, percebe-se imediatamente que é um músico marcante, dos que ajudam a melhorar o instrumento que tocam. O concerto foi uma viagem pela carreira de Galliano. Os grandes músicos que o acompanharam (Sebastien Surel no Violino, Phillipe Aerts no Contrabaixo e Rafael Mejias na percussão) tocam com uma naturalidade impressionante, qualquer que seja o género musical. São músicos de formação clássica, trabalhados para seguir as influências do músico francês. A admiração que Galliano tem por vários estilos musicais, ficou bem clara na forma como estruturou o concerto. Até os mais desatentos conseguiram distinguir bases de tango, de jazz, de música nordestina brasileira, de música francesa e de música clássica. É muito difícil criar um conceito válido a partir de tantas referências. O resultado final é muito coerente. Só grandes músicos conseguem trabalhar tão bem as suas influências, a ponto de criar um estilo próprio.
Se estivesse vivo, Astor Piazolla teria adorado. Quim Barreiros (pareceu-me vê-lo bem ao fundo, na última fila) é capaz de ter estranhado.

1.12.10

Richard Galliano

Richard Galliano no CCB

7 de Dezembro é o dia que marca o regresso de Richard Galliano aos palcos portugueses. O acordeonista Francês, grande admirador de Astor Piazzola, vem a Portugal com o seu quarteto - o Tangaria Quartet - juntar as raízes do tango à música clássica. A não perder! No Grande Auditório do Centro Cultural de Belém às 21:00. Uma produção da Incubadora d'Artes.

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