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22.7.08

20 de Julho, 4º dia FMM Sines 08.

Dança-se ocultamente! Na Índia e no Belize.




Danças Ocultas

Quantas bandas conseguem transformar um concerto de um recinto de grande dimensão, como é o de Porto Covo, num concerto intimista? Algumas ... mas não muitas! As danças Ocultas foram, no quarto dia de festival, uma delas. Deixaram a perfeição total a um pequeno passo. Faltou-lhes uma maior dose de experimentação, necessária para que o que fizeram em palco se transformasse em algo mais afastado das versões originais. Pautado por projeccões que complementaram o espectáculo, o concerto reforçou (ainda mais) a ideia de que o projecto de Águeda alia, melhor que a maior parte dos outros em Portugal, a contemporaneidade e a tradição.

Asha Bhosle

Asha Bhosle era a presença por que a vasta maioria do pública ansiava. A comunidade indiana portuguesa acorreu em massa, pais, filhos, avós, sogras e cão, tudo à espera aos saltos e pinotes pela diva. A banda, com quatros membros nas percussões acústica e electrónica, baixo, guitarra, dois teclistas e um vocalista foi aquecendo longamente o público enquanto esta se aprontava nos bastidores.
Se o público luso, menos familiarizado, aderiu rapidamente ao som espampanante característico de Bollywood, apenas com a aparição de Asha em palco soou um clamor eufórico na multidão. Com um público tão devoto, Bhosle poderia até nem ter cantado, que os aplausos não perderiam entusiasmo. Grandes êxitos da música de filmes indiana foram desfilando escorreitamente, uma sucessão de batidas sintetizadas e teclados bruxuleantes de um kitsch bem próximo das nossas festas de aldeia tão menosprezadas pelo espectador médio de Sines – incomparavelmente mais bem produzidas, no entanto. Asha cantou com uma voz muito digna para a idade e moveu-se em palco com coreografias de uma elegante lentidão, lembrando rituais mais sóbrios e tradicionais dos confins do oriente, num curioso contraste com o som. O sucesso de uma mistura tão desconcertante de sagrado e profano dá muito que pensar sobre o que move o público em expansão rápida da world music.

A Tribute to Andy Palacio feat. Special Guests

Após o carnaval de Asha Bhosle, a debandada geral de uns três quartos do público foi uma injustiça para o espectáculo sólido de tributo a Andy Palacio, o falecido recuperador da música garifuna, mas previsível, pois o registo étnico relativamente límpido estava a oceanos de distância da pompa bollywoodiana. Quem teve estômago para aguentar a transição assistiu a um espectáculo sincero e convincente, guiado essencialmente pela guitarra acústica, por vezes eléctrica, acompanhado pela percussão de tradicionais tambores garifuna. Descrito como punta rock, o som remeteu menos para as urbes ocidentais que para a rica tradição no trinómio “cordas-percussão-voz” da costa ocidental africana. O único senão terá sido a falta de um golpe de ousadia, que teria elevado a actuação do bom ao óptimo.

Texto de José Bernardo e de José Reis

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