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20.7.08

19 de Julho, 3º dia de festival.

A RUC encontra-se com Sines




FES meets Jimi Tenor

Jimi subiu ao palco com um visual que parecia ser um misto de guru indiano e de metro sexual nova-iorquino. A surpresa inicial foi enorme, não só pela indumentária de Jimi, mas também pela força que a banda que o acompanhou demonstrou. O primeiro tema da noite, feito à medida para uma big band de improvisadores, foi uma surpresa agradável para os ouvidos do muito público. Os restantes temas, feitos da mesma miscelânea musical que orienta o projecto, foram coerentes nas influências e instrumentações - excepção feita ao segundo, pensado para uma voz de falsete, nunca antes (por nós) ouvida em Jimi Tenor.
Entre flautas e saxofone, trompetes, percussões e variações de jazz refrescante se fez FES meets Jimi Tenor. Não encantou, não deslumbrou, mas foi um excelente mote para os concertos que viriam a seguir.

The Last Poets

À parafernália instrumental de Jimi Tenor seguiu-se o minimalismo dos Last Poets, destilado originário de ritmo e poesia na origem do hip-hop. Abiodum Oyewole e Umar Bin Hassan, lado a lado na frente do palco a conduzir as operações, apoiados na retaguarda pelo robusto Don Babatunde na percussão, foram ainda secundados pela presença de baixo eléctrico, bateria e teclados.
Para os velhos guerreiros das lutas negras dos anos 60-70, a América não é terra de todos os sonhos, é bem mais terra de todas as trapaças, e se a revolução não está para amanhã, a denúncia continua tão crucial hoje como há 30 anos, mesmo (ou sobretudo) se um espectro de hope e change faz alarido e suscita ânimos na pátria yankee.
Com o avanço do concerto, os complementos instrumentais foram recuando, até restar no final a fórmula originária de percussão e vozes, rhythm and poetry, que elevou o significado desta actuação à plenitude. Então, Umar Bin Hassan metralhou a audiência num requiem possesso de homenagem a Jimi Hendrix, e a par de Oyewle deu o golpe final com “This is Madness”, a dar saudades de 1971, e deixando muito apropriadamente a impressão no ar de que música é mais que embalar o público com tudo o que quer para fugir às agruras da vida.

Enzo Avitabile & Bottari

Enzo Avitable foi o último a subir a palco. Acompanhado pela sua banda, os Bottari, levou a missão de dar um tom festivo ao concerto demasiado a peito, dada a preocupação excessiva em envolver o público no concerto.
A disposição dos músicos em palco, extensão física da divisão musical das duas facções da banda (os percussionistas que tocavam tonéis e barris, orientados por um maestro, de um lado e os saxofonistas e trompetistas de outro), permitiu constatar que a banda, apesar de ter excelentes músicos (que funcionam muito bem em grupos distintos), revela insuficiências de articulação.
Os ritmos do norte de África (o uso dos Saxofones parece ir buscar influências à música feita nos anos 60 e 70 na ex colónia Italiana, a Etiópia), quando acompanhados pela percussão tradicional do sul de Itália, confere à música de Enzo a dimensão festiva necessária para funcionar bem em palcos grandes. Excelente enquanto conceito, ambíguo do ponto de vista musical.

Texto de José Bernardo e José Reis.

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